5 anos da tragédia da Boate Kiss: Especialistas comentam recuperação da pele de vítimas

Queimaduras extensas, como de jovens sobreviventes do acidente na boate Kiss, exigem tratamento dermatológico constante

Um trauma é capaz de deixar marcas profundas em quem é afetado por ele. Outros, podem, ainda, deixar cicatrizes na superfície, assim como ocorreu com alguns sobreviventes do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, no dia 27 de janeiro de 2013. Embora a maioria dos jovens que estavam na festa aquela noite tenham sofrido com a inalação da fumaça tóxica, outros ainda apresentaram queimaduras de diferentes graus na pele. Na época, o ministro da Saúde informou que cerca de 20% das vítimas tiveram uma área extensa do tecido atingida pelo fogo.

Dermatologistas e cirurgiões plásticos acompanharam outros profissionais da saúde em equipes multidisciplinares após o acidente. De acordo com a presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Secção RS (SBD-RS), Clarissa Prati, o tratamento de recuperação da pele para vítimas de incêndio depende da gravidade e localização da queimadura.

– As de primeiro grau, em geral, necessitam de hidratação adequada e cuidados com a exposição solar. Já as classificadas como segundo e terceiro graus devem passar por curativos especiais ou mesmo desbridamento (retirada do tecido necrosado) para garantir a reepitelização, o que pode se estender por meses – explica Clarissa.

Para os grandes queimados, as doações de peles para auxiliar no tratamento foi uma das principais demandas.

– Na época, fornecemos tecido para grandes centros de queimados. Lembro que todos os colegas se engajaram, garantindo o sucesso no tratamento e a qualidade no atendimento destes pacientes. Trabalhei com quem foi internado em nosso hospital, porém, estes apresentaram queimaduras pequenas – recorda o diretor do banco de pele da Santa Casa e ex-presidente da Sociedade de Cirurgia Plástica do RS, Eduardo Mainieri Chem.

O tratamento de pacientes que apresentam uma grande parte da pele afetada, consiste na realização de cirurgias sequenciais, pois a área lesionada fica muito sensível e não é possível retirar tudo de uma vez só. Estes locais são cobertos com curativos especiais ou peles encaminhadas por bancos de tecido, o que evita a desidratação, além de proteger o ferimento. Esta pele, no entanto, deve ser trocada semanalmente. Quando o paciente começa a desenvolver tecido saudável nas partes atingidas, passa a receber enxerto da sua própria pele, cobrindo as áreas afetadas.

A presidente da SBD-RS reforça que após a alta hospitalar, é importante manter o acompanhamento ambulatorial, principalmente em casos graves de queimaduras. O tratamento multidisciplinar, como acompanhamento psicológico e fisioterapia contribuem para o bem-estar das vítimas.

Em 2018, o incêndio da boate Kiss completa cinco anos. O acidente iniciou após o uso de um sinalizador por um dos integrantes da banda que se apresentava na casa. Ao total, morreram 242 pessoas, a maioria por asfixia, e mais de 630 ficaram feridas.

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Sobre a SBD/RS

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) é a única instituição reconhecida oficialmente pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Médica Brasileira (AMB) como representante dos dermatologistas no Brasil. Os médicos dermatologistas a ela ligados precisam obter o Título de Especialista que atesta a sua capacitação.

 

A secção SBD-RS é a sua representante no território do Rio Grande do Sul.

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