Escassez de medicamento e aumento do número de diagnósticos são fatores que influenciam
Segundo o Ministério da Saúde, entre 2015 e 2016, a sífilis adquirida teve um aumento de 27,9%; a sífilis em gestantes, de 14,7%; e a congênita (transmitida da mãe para o bebê pela placenta ou no momento do parto) de 4,7%. Esse cenário existe desde 2014 e culminou com um aumento significativo dos números da doença no Brasil em 2016, talvez relacionado à quantidade de testes realizados e, assim, de diagnósticos confirmados. O médico dermatologista associado da SBD-RS, Renan Bonamigo, explica que a sífilis é uma doença endêmica e que a causa mais provável desse quadro é a falta de capacidade de prevenção adequada.
– A sífilis congênita, em recém nascidos, por exemplo, preocupa bastante. Isso significa que o Pré-Natal não vem sendo feito adequadamente. Novas formas de chegar essa informação até a população precisam ser pensadas – alertou.
De acordo com o Ministério da Saúde, um dos motivos para o aumento dos casos de sífilis é a escassez de penicilina (medicamento utilizado para tratar a doença). O problema acontece de forma global e não somente no Brasil.
– Há uma preocupação especialmente com a penicilina que é uma droga antiga e nenhuma outra medicação se assemelha a ela em termos de resultados. O que acontece é que nesses momentos precisamos buscar alternativas com medicamentos mais caros e que acabam não permitindo um acesso mais amplo a população – completou. Quando diagnosticada cedo, a sífilis possui tratamento que leva à cura com medicamentos seguros e gratuitos, quando disponíveis no serviço público, ou de baixo custo, quando comprados em farmácias.
– No Rio Grande do Sul, em especial Porto Alegre, estão as maiores taxas de sífilis do Brasil. Indivíduos jovens, homens e mulheres com vida sexual ativa tem maior risco. A redução do número de parceiros e o uso do preservativo são as principais formas de prevenir a doença, ainda que possa haver transmissão nas áreas não cobertas pelo preservativo quando de lesões em atividade – afirmou a médica dermatologista associada da SBD-RS, Paula D´Elia.
A sífilis é causada por uma bactéria chamada Treponema pallidum, que é geralmente transmitida via contato sexual e que entra no corpo por meio de pequenos cortes presentes na pele ou por membranas mucosas. Só é contagiosa nos estágios primário e secundário e, às vezes, durante o início do período latente. Raramente, a sífilis pode ser transmitida pelo beijo.