Encontro híbrido reuniu especialistas para discutir segurança, manejo de riscos e atualização científica
A Sociedade Brasileira de Dermatologia – Secção do Rio Grande do Sul (SBD-RS) realizou, na noite de terça-feira, 30/09, o I Curso de Complicações em Cosmiatria. O evento ocorreu no Auditório do CREMERS, em Porto Alegre, com transmissão online para inscritos, reunindo médicos dermatologistas e especialistas convidados. O objetivo foi aprofundar conhecimentos sobre complicações em procedimentos dermatológicos, promovendo atualização científica, discussão de casos e troca de experiências.
A abertura oficial foi conduzida pelo presidente da SBD-RS, Dr. Juliano Peruzzo, que ressaltou a relevância do tema para a prática clínica. Na sequência, os módulos abordaram infecções, nódulos inflamatórios, ultrassonografia dermatológica e complicações vasculares.
O médico internista e infectologista Dr. Rodrigo Pires dos Santos destacou as diferenças entre infecções agudas e crônicas após procedimentos com preenchedores.
“Nos casos crônicos, o tratamento costuma exigir terapias mais complexas, envolvendo a combinação de um macrolídio e uma quinolona por tempo prolongado. Por isso, é essencial reconhecer precocemente o quadro para conduzir o manejo adequado e reduzir complicações”, explicou.
Já a dermatologista Dra. Taciana Dal’Forno Dini ressaltou o desafio de manejar os nódulos inflamatórios em um cenário sem guidelines validados. Segundo ela, a integração entre especialistas e a adoção de rotinas de segurança, como a solicitação de exames de imagem, são fundamentais.
“Solicitar o ultrassom dermatológico para pacientes novos ajuda a mapear a presença de preenchedores prévios. No termo de consentimento, deve constar o histórico de fios ou aplicações anteriores, pois isso aumenta o risco de infecções. Por fim, o trabalho conjunto entre dermatologista, radiologista e infectologista fortalece a segurança do paciente e amplia as chances de sucesso no manejo das complicações”, afirmou.
O papel da ultrassonografia foi aprofundado pela dermatologista Dra. Fabiane Lersch, que enfatizou a complexidade do histórico clínico dos pacientes.
“Frequentemente não sabem exatamente qual produto foi utilizado ou quando foi aplicado, o que nos obriga a reconstruir essa linha do tempo em conjunto, como se fosse um exercício de memória. Esse background tão complexo exige do dermatologista uma atenção redobrada para conduzir o tratamento com segurança”, ressaltou.
Encerrando a programação, a dermatologista Dra. Mariele Bevilaqua abordou as complicações vasculares, com ênfase nos sinais de alerta e condutas imediatas. Ela reforçou que a observação atenta no pós-operatório é decisiva para detectar problemas em estágio inicial.
“Os sintomas nem sempre aparecem na hora e, muitas vezes, a dor não é o principal indicativo. Existem sinais clínicos mais sutis que podem revelar complicações, como uma oclusão. Por isso, é fundamental manter o contato com o paciente, perguntar como ele está no dia seguinte e até solicitar que envie notícias. Nem tudo acontece de forma imediata, e essa vigilância faz toda a diferença para garantir segurança e bons resultados”, afirmou.
O curso marcou o início de uma série de iniciativas da SBD-RS voltadas a fortalecer a segurança na cosmiatria e atualizar a classe médica diante do aumento no número de procedimentos realizados no Brasil e no mundo.
Em casos de suspeita de complicações ou reações adversas em procedimentos estéticos, a recomendação é sempre procurar um médico dermatologista.