Estudo já publicado em revistas científicas pode ser confirmado por equipe de pesquisa alemã
A descoberta de um médico dermatologista gaúcho deve entrar para a história da medicina.Divulgada no final do ano passado em duas publicações científicas, uma brasileira e outra internacional, a ictiose acral abre precedentes para explicar que as escamações aumentadas que surgem na pele como resultado de uma produção em excesso de queratina podem sofrer efeito de termossensibilidade. Quem afirma é o associado da Sociedade Brasileira de Dermatologia – (SBD) e autor da pesquisa, Hiram Larangeira de Almeida Júnior.
– O primeiro caso assim descrito, há 20 anos, é a de tipo “calção de banho” que ocorre apenas nas áreas quentes do corpo e cujo defeito molecular foi definido em 2006. Já a nossa descoberta diz respeito às áreas frias como pés e mãos. Documentamos fotograficamente a variação da intensidade da doença nas estações do ano e observamos maior sensibilidade durante o inverno – relata Almeida Júnior.
A pesquisa foi realizada pelo acompanhamento de um paciente de 12 anos, que mostrava uma distribuição diferente das escamações. Ao revisar a literatura, o dermatologista não encontrou nenhuma referência, iniciando, então, a investigação.
– Fiz biópsia, microscopia e descartei várias doenças conhecidas. Por fim, encaminhei o DNA para a Alemanha, onde foram sequenciados 73 genes relacionados à ictiose. Com o resultado normal, soube que a entidade era nova – complementa o associado da SBD-RS.
A mesma equipe do país europeu está examinando uma família local que apresenta um quadro semelhante. Caso se confirme como ictiose acral, será possível, de fato, defini-la como uma nova doença.