Conhecida popularmente como unha encravada, ou o seu termo médico onicocriptose, refere-se a uma alteração que ocorre no equilíbrio anatômico entre a placa ungueal (unha) e o tecido adjacente a ela (dobra ungueal), cujas manifestações clínicas vão desde dor até uma reação inflamatória que pode ter variados graus de intensidade, chegando a formar excessos teciduais com deformidades e perda da configuração normal entre as estruturas. O mecanismo básico do problema resulta quando a borda lateral da unha penetra na carne ao lado dela, o que pode acontecer por corte incorreto da unha, sapatos mal adaptados, traumatismos, defeitos anatômicos, ortopédicos, congênitos, entre outras causas, podendo acontecer também na área junto à cutícula ou na parte final da unha. É mais frequente no hálux (dedão do pé). Pode ocorrer em qualquer idade, inclusive em recém nascidos.
A prevenção é a melhor medida para evitar o problema. Ao cortar a unha, evitar arredondar seus cantos e encurtá-la, sendo preferível deixar reta, pois se os ângulos das bordas forem tirados, isto cria uma retração deste vetor, e pode acontecer desta área sofrer uma deformação, formando espículas e áreas endurecidas que ao crescerem se aprofundam na pele lateral acarretando o encravamento, ainda mais se associados a calçados endurecidos e justos, com formação de pressão local, somados ao peso do corpo.
Com o passar do tempo, sem cuidados, o problema pode agravar-se com formação de granulomas (massas teciduais), com importante inflamação, presença de pus e secreções, calor, dor, edema, deformação da região e porta de entrada para germes e dificuldade para caminhar.
O tratamento é ajustado ao aspecto dos elementos clínicos presentes. Casos leves de onicocritose (grau I) podem ser tratados com medidas iniciais, como imersão da parte afetada em recipiente de água morna ou compressas, curativos separadores com fita dental ou cordão de algodão, e uso de órteses adequadas. Se presença de secreção (grau II), uso de medicamentos tópicos como antibióticos e anti-inflamatórios podem ser associados, e caso haja indícios de maior inflamação, infecção, e granulomas (grau III), uso de anti-inflamatórios e antibióticos orais. Caso os tratamentos não surtirem êxito, ou se a apresentação for grave e exuberante, é necessário intervenção cirúrgica, que deve ser realizada por médico dermatologista experiente em cirurgia de unhas, pois existem diversas técnicas de acordo com a gravidade apresentada.
A seguir algumas figuras ilustrativas do acervo fotográfico do autor.
Fig. 1 – unha encravada grau I
Fig. 2 – unha encravada grau II
Fig. 3 – unha encravada grau III
Autor: Dr. Renan Minotto – Dermatologista SBD-RS
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